09 julho 2008

A imagem do âncora

Há dois meses, a jornalista e apresentadora do Jornal Hoje, Zileide Silva, teve problemas ao visualizar o texto no teleprompter. Muitos comentários (uns maldosos, outros nem tanto) foram lançados e, neste tempo, Zileide “sumiu” da bancada do telejornal. Conforme a assessoria da Rede Globo, a lente de contato da jornalista deslocou.
Para quem estuda as Práticas Jornalísticas, seria leviano e superficial reduzir-se a estes comentários (confira alguns deles abaixo). A discussão que se propõe a partir do caso de Zileide Silva é (re)pensar a imagem do âncora nos telejornais brasileiros. Que construções do âncora o próprio campo jornalístico legitima? Que imagem do âncora perpassa pelos atores sociais a ponto de um “erro técnico” colocar em xeque a credibilidade do jornalista e, assim, desconstruir a sua imagem?

Confira o vídeo aqui.

Comentários na internet
“Gosto da Zileide, todas as explicações são válidas e devem ser respeitadas, mas que faltou jogo de cintura por parte dela para passar por um imprevisto, não há como negar” (Silvana Mendes, membro da comunidade Zileide Silva no Orkut).

“Uma marionete depende de um tele-prompter” (Blog Comunicadores 2.0)

Muitas pessoas a criticaram dizendo “Zileide Silva assim no Jornal Hoje, não dá”. Outros dizem que foi problema técnico. Mas a Central Globo de Comunicação, informou que a lente de contato da jornalista deslocou, provocando o problema. Zileide Silva é considerada a segunda melhor jornalista, depois de Fátima Bernardes, isso não a impossibilita de apresentar o telejornal”. (Marcelo Lemos, moderador da comunidade Zileide Silva no Orkut).

“Vai virar faxineira, ou pior, vai pra Record”. (Renato, membro da comunidade Zileide Silva – Gente, não dá! no Orkut).

(Marina Chiapinotto)

Um comentário:

Anônimo disse...

Marina, muito bom teu comentário. Fiquei sabendo do caso e creio que toda esta história se resuma exatamente ao que disseste: “imagem”. O senso comum tem o âncora mais como mero “ator” cujas capacidades profissionais são as de “atuar”. E se essa “atuação” não é bem feita (no caso aqui, seja culpa do tele-prompter ou das lentes, ambos foram problemas técnicos) toda a credibilidade centrada na figura do apresentador desmorona. Nós sabemos muito bem que esta questão não é bem assim, mas arrisco dizer que toda essa construção do âncora (como colocaste em pergunta) é legitimada pela própria indústria jornalística. (Grace Bender Azambuja)